quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Espaçonave Terra

Eu vi que não havia nada que pudesse me impedir de tentar pensar sobre todo nosso planeta Terra e pensar realisticamente sobre como operá-lo em uma base sustentável como a magnífica espaçonave tripulada por humanos que ele é. - R.Buckminster Fuller
Fuller nos traz a perspectiva de que somos todos astronautas. Nossa pequena Espaçonave Terra tem apenas 12700 km de diâmetro, dimensão desprezível na grande imensidão do espaço. Ela avança a quase 100 mil km/h em seu caminho inexorável em torno do Sol – nossa nave-mãe supridora de energia. “A Espaçonave Terra foi tão extraordinariamente bem criada e projetada que, ao que sabemos, o ser humano tem estado a bordo dela por dois milhões de anos, sem ao menos saber que estava a bordo de uma nave.”

Nossa espaçonave é um veículo mecânico e assim como um automóvel, necessita de manutenções. Mas o fato peculiar sobre ela é que não há um manual de instruções que a acompanhe, o que nos força a usar o nosso intelecto para a operarmos. Assim, como humanidade, estamos aprendendo na prática a como garantir nossa sobrevivência e conduzir viagens seguras aos nossos descendentes. Neste panorama, passamos de meros habitantes a tripulantes, e devemos estar conscientes da finitude de muitos recursos e de como utilizá-los, perceber a infinidade de eventos interligados e nossa responsabilidade sobre cada um deles, além de tantas outras observações e práticas que garantam a boa convivência entre os tripulantes de qualquer embarcação espacial.


É, portanto, paradoxal, embora estrategicamente explicável, como poderemos ver, que até agora tenhamos estado abusando, poluindo, e fazendo mau uso desse extraordinário sistema químico de energia intercambiável para a efetiva regeneração de toda vida a bordo de nossa espaçonave planetária.
Quando vista do espaço, nossa nave tem a interessante propriedade de não possuir referencial de “cima” e “baixo” ou “direita” e “esquerda”. Fuller demonstrou isso em uma projeção cartográfica que ele chamou de mapa Dymaxion, que além de trazer diversas inovações técnicas, como a otimização do planejamento de rotas terrestres, também traz uma perspectiva filosófica bastante peculiar em relação à nossa posição.

Mapa Dymaxion 
A importância da localização geográfica gerou as primeiras tentativas de representação gráfica do território. Com as grandes navegações, isso tornou-se uma necessidade: era imprescindível, para os navegantes, mapas com localizações precisas. Entretanto, essa precisão nunca havia sido alcançada. A projeção cartográfica de Mercator, apesar de ter sido a mais utilizada para navegações marítimas entre os séculos XVI à XVIII, apresenta graves distorções à medida que se afasta da linha do Equador. Por exemplo, a Groenlândia é representada com cerca de 50 vezes o seu tamanho real, gerando a ilusão de possuir território semelhante à África.

Diversas tentativas de correção foram feitas, algumas apresentavam menores discrepâncias nas distâncias territoriais, porém com perda de precisão nos contornos dos continentes. Foi tentando solucionar esses problemas que Fuller desenvolveu o mapa Dymaxion. Sua estratégia foi aproximar o planeta Terra, que é praticamente esférico, a um icosaedro e, a partir disso, obteve uma projeção cartográfica com distorções desprezíveis. Além de ser um mapa com distâncias e contornos verossímeis, revela  a superfície terrestre como uma grande ilha, sem divisão geopolítica entre os continentes. 

Essa nova visão é um meio preciso para enxergar o mundo do ponto de vista dinâmico, cósmico e compreensivista, e uma ferramenta inicial para planejarmos com muito mais precisão nosso futuro comum, a bordo de nossa espaçonave. 

Referências:
- Fuller, R.B. Manual de Operação para a Espaçonave Terra. 1969

- Dymaxion MapBuckminster Fuller Institute
 
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