quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Quebrando a Casca do Ovo


Intervenção da “Espaçonave-Terra”, a segunda peça de exposição do projeto.
            Agora que definimos, descentralizamos e unimos nossa posição no espaço, é hora de descobrirmos qual é a nossa posição na evolução dos eventos. Fuller define evolução como o desejo natural de cada espécie de viver além de seus recursos. Ora, até agora temos vivido com os recursos abundantes e imediatamente consumíveis de que dispomos em nossa espaçonave. Essa provisão, porém, é finita. Uma analogia pode ser feita com o embrião do pássaro que dentro do ovo possui um suprimento de nutrientes para seu desenvolvimento até certo ponto. Quando o suprimento de nutrientes se esgota, o pássaro, em busca de mais alimento, acaba por quebrar o ovo e tendo condições de locomover-se com suas próprias pernas, descobre um mundo inteiramente novo para seu sustento.


            Na análise de Fuller, a humanidade encontra-se exatamente “sobre os cacos de sua recém quebrada casca de ovo”. Este ponto simboliza um esgotamento dos recursos que temos explorado por tanto tempo e a necessidade de uma nova relação com o universo. É desnecessário enumerar os problemas ambientais e sociais que a humanidade originou em sua relação predatória da natureza ao longo de sua existência. A crítica dos erros e problemas que causamos, porém, não oferece nenhuma solução a eles. Uma nova forma de enxergar as relações do universo é a única possibilidade de deixar para trás as visões supersticiosas e condicionadas do passado.
            A partir deste ponto, nossa sobrevivência depende de nossa capacidade de cuidar de nós mesmos: como o pássaro, ousar voar. O panorama deste vôo é o que vamos contemplar a partir de agora em nosso universo visionário. Um vôo pelas amplas e generalizadas possibilidades do intelecto em suas relações com a natureza. E na tentativa de simultaneamente aprofundar e abranger, poderemos nos tornar o que, como seres humanos, notavelmente temos a capacidade de ser: não especialistas, mas compreensivistas.

            Assim, podemos, pelo processo adequado, descobrir, de modo súbito e excitante, por que aqui estamos vivos no universo, e identificarmo-nos como presentemente aqui operando, a bordo de nossa espaçonave, distribuídos sobre sua plataforma esférica, raciocinando de modo a observarmos, eficazmente, as experiências contemporâneas e locais relevantes ligadas à solução da sobrevivência feliz e próspera da humanidade a bordo de nosso planeta. Podemos, então, descobrir não somente o que precisa ser feito de modo fundamental, mas também como se pode consegui-lo através de nossa própria iniciativa espontânea, empreendida e sustentada sem qualquer autoridade que não a da nossa função no universo, onde o mais ideal é o mais realisticamente prático. 
 
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